Maria era mulher católica e prendada. Desde cedo tinha fé.
Recatada, de costumes mansos, mas sofria ultimamente.
Sofria com o acontecido inesperado: o fim do seu casamento.
Desde que isso aconteceu, ela chorava aos pés do santo todos os dias.
Era o santo dos causos resgatados, se apegava ao santo para pedir que trouxesse o seu marido de volta, do jeito que ela imaginava.
Quando Maria ia à igreja, eis que o Padre Juvenal garantia:
- Maria, pede ao santo, porque ele te atenderá.
E Maria:
- Sim, estou pedindo todos os dias.
E todas as vezes, acostumada como quem toma banho, ia Maria acender a vela para o santo.
Maria até o encontrava nos sonhos, os sonhos que são a pupila do inconsciente, e o santo sorria.
Certo dia, em casa, ao acordar, surgiu uma aparição. Era ele. O santo dos causos resgatados.
E Maria, extasiada com a experiência nunca antes vivida, foi com tanto desespero ao encontro do além iluminado que nem mesmo lembrou do susto que tinha existido antes.
- Eu sabia. Deus não ia abandonar a minha causa. Ele mandou o senhor aqui.
O santo calado, calado assim ficou.
- Por favor, santo dos causos resgatados, fale algo. Eu preciso muito que o senhor traga o meu marido de volta.
O santo olhou desconfiado e disse:
- Maria! Faça uma simpatia ou qualquer outra coisa. Traga o seu marido de volta, mulher! Você não o quer? Então traga!
Maria ficou abestalhada. E tragou; o cigarro escondido num vaso de flores e saiu em direção à porta surpreendente da vida.